Ansiedade de separação: ''Meu cão não para de ladrar quando saio de casa".

Os cães são animais sociais que trazem dos seus antepassados o instinto de estar em um grupo para sobreviver. Mesmo que alguns cães sejam considerados mais independentes que outros, nenhum deles realmente gosta de ficar sozinho.

Atualmente, a dificuldade da maioria dos cães em ficar sozinhos está relacionada a um problema chamado de ansiedade de separação. Neste artigo vou abordar algumas informações importantes sobre este assunto tão relevante, confira:

Ansiedade de separação – o que é?

Ansiedade de separação é um problema comportamental dos cães que, como o nome já diz, leva o patudo a desenvolver ansiedade por medo e/ou fobia, quando precisar ser deixado sozinho.

Esse desvio comportamental não afeta apenas os tutores e vizinhos que lidam com uivos ou latidos prolongados do cão. Os animais que sofrem dessa condição enfrentam um estresse significativo quando deixados sozinhos, afetando diretamente o seu bem-estar.

Com o tempo, esse problema tende a piorar, e evitar sair de casa para não deixar o cão sozinho não é uma solução viável. Portanto, é crucial tratar a ansiedade de separação o mais cedo possível.

Dessa forma, tanto você quanto o seu cão se sentirão mais tranquilos quando ele precisar ficar sozinho em casa durante as suas saídas.

No entanto, é importante observar que nem todo mau comportamento demonstrado pelo cão quando está sozinho indica ansiedade de separação. Às vezes, isso pode significar que ele está entediado, com muita energia acumulada ou que você ficou fora por tempo demais para ele.

Portanto, o primeiro ponto para avaliar e tratar a ansiedade de separação é organizar a rotina do seu cão e atender as necessidades básicas dele (confira o meu artigo sobre as 4 necessidades básicas do cão). Assim, você já poderá confirmar se o problema de comportamento do seu cão está relacionado com a separação ou com necessidades básicas não supridas.

Como identificar?

Os cães podem expressar ansiedade de separação de várias maneiras. Alguns comportamentos comuns incluem latir, chorar ou uivar, agitação, perambular de um cômodo para outro, cavar ou arranhar portas, destruir grades ou janelas, tentar fugir de casa, fazer necessidades fora do lugar designado.

Além disso, alguns podem se tornar apáticos, recusando-se a dormir, comer, beber água ou brincar enquanto estão sozinhos em casa.

Se você tem dúvida de como o seu animal se comporta quando fica sozinho, uma alternativa muito útil é instalar câmeras de vídeo em casa para observá-lo. Isto pode ser uma informação importante para identificar o problema e procurar ajuda profissional especializada.

Como evitar?

A melhor forma de evitar que seu cão desenvolva ansiedade de separação é garantir a ele uma rotina que supra as suas necessidades básicas e realizar treinos específicos para ensiná-lo a ficar sozinho antes de ter qualquer problema.

A principal ideia do treinamento é estabelecer uma rotina diária, o que por si só pode ajudar a reduzir a ansiedade do animal. Além disso, é importante associar experiências positivas à sua partida, para que o animal entenda que quando fica sozinho, coisas boas acontecem. Isso ajuda a criar uma associação positiva com o tempo em que o tutor está ausente, ajudando a diminuir a ansiedade de separação.

O que fazer?

Se o seu cão já apresenta alguns sinais de ansiedade de separação, o meu maior conselho é começar os treinos o mais rápido possível para habituá-lo a ficar sozinho. Antes de começar a treinar pequenas saídas, é muito importante que o cão já aceite muito bem ficar distante de você dentro de casa. Portanto, comece com as atividades de independência de forma muito gradual e vá afastando-se dele aos poucos.

Durante os treinamentos, o tempo de ausência deve ser gradualmente aumentado, sempre evitando que o animal entre em estado de ansiedade. Além disso, é importante prestar atenção à forma como você se despede e cumprimenta o cão ao chegar em casa. Esses momentos devem ser calmos e receber pouca ou nenhuma atenção, para evitar reforçar a ansiedade de separação.

O tempo de treino que será necessário até que o cão fique bem sozinho vai variar de acordo com a idade, nível de energia do animal e a intensidade da ansiedade de separação que ele apresenta. Mas, de maneira geral, os primeiros resultados aparecem após algumas semanas de treino, ainda que mais tempo seja necessário para um aprendizado consistente.

Vou precisar de ajuda profissional?

Normalmente, casos de ansiedade por separação não são resolvidos sem ajuda de um profissional de comportamento canino. Muitos casos de tutores que tentam treinar os seus cães sozinhos, acabam por piorar o comportamento do animal. Portanto, se você estiver fazendo treinos de independência com o seu cão de forma regular e não estiver tendo resultados, o melhor a fazer por vocês é buscar ajuda de um profissional especializado. Assim, você terá a orientação correta e o suporte personalizado.

Além disso, às vezes a ansiedade de separação não é a única questão em jogo, e um treinador pode ajudar a identificar outros aspectos a serem trabalhados na relação com o seu animal de estimação. Traumas ou experiências passadas negativas também podem contribuir para o medo de ficar sozinho, e um adestrador pode ajudar a lidar com essas questões.

Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de medicações prescritas por médicos veterinários comportamentais. Nestes casos, é importante que ambos os profissionais trabalhem juntos para oferecer o melhor suporte possível para você e o seu cão.

Enfim, problemas por ansiedade de separação nunca são fáceis ou rápidos de resolver, mas com a conduta adequada e muita paciência podem ser tratados. Então não busque resultados imediatos e não desista do seu cão, ele nunca desistiria de ti!

Como sempre, prevenir o problema é mais fácil que tratá-lo. E cachorrinhos costumam aprender mais facilmente que os adultos a ficarem relaxados quando deixados sozinhos. Porém, não se preocupe, cães adultos também podem ser ensinados e condicionados a ficarem bem nos períodos em que ficam sem companhia. Só irá levar mais tempo para criar novos hábitos e exigir um pouco mais de dedicação por parte do tutor.